Tudo depois da poesia é uma merda.
Ademar Santos

domingo, 29 de agosto de 2010

Espaço sem som

Perdeu-se-me no passado a voz tua,
talvez já definitivamente,
e nem escavando com a ferramenta toda
útil dos neurónios além da memória
achei nada ou silêncio, nenhum eco,
apenas espaço sem som
que em pânico me abala:
um filme mudo de gestos no ar,
olhares biunívocos e acenos,
lábios nos lábios ainda tímidos,
pele assenhoreada de pele,
palavras sobre palavras desenhadas
na pauta calada dum horizonte
ao contrário que se afasta.