Era de tarde em Aveleda
e a tarde dera trégua à chuva
e a tarde dera trégua à chuva
Tiraste da algibeira as chaves
e foste-me abrindo as portas ao fundo de ti,
ao que és,
ao que foras.
E eram as lâmpadas queimadas,
e eram as salas vazias,
livros abandonados,
móveis ausentes,
o teu quarto, intacto, tal como era,
as celas que já não eram
ou o aqui que era a adega,
e a capela, ali, que era onde,
as cortes,
o lenheiro,
as relíquias e relicários
do que houve e do que não havendo há
num rasto de nostalgias caladas,
religiosamente descritas:
aqui era, aqui era, aqui era...
No quintal ainda o plátano,
colossal e nu,
denunciava-te no que és:
soma de tanto era.
2 comentários:
E quando não há chaves?
:)
Quando não há chaves, Eli, rebenta-se a porta, deitam-se abaixo paredes, levantam-se telhados...
:)
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