Tudo depois da poesia é uma merda.
Ademar Santos

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Desconcerto

(Prestidigito-te veloz em versos que nem lês,
taciturnando-me desprezativo.)
—E se eu calo, falas tu, nem que seja à intempérie?
—Não, não —digo-me que diz ele, o emudecido falante—,
só quando tu (eu) falas é que falo eu (ele).
—Devo então fiar diálogos comigo
como se tu comigo os fiasses
e debater contra o espelho que me não devolve a razão
os silêncios que me prestas transpirando sons surdos?
—... —nem por ele respondo.
(O silêncio é uma imensidade de búzios unissonantes.)
—Que não ouço a resposta! —grito.
—Qual era pergunta? —as mãos interrogam.
(Até que enfim os ecos findaram. E eu, agora, digo o quê?)

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