Tudo depois da poesia é uma merda.
Ademar Santos

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Ao fio duma fotografia


Pré-tangas-me no cais
contra a tela do rio
a reflectir as luzes da cidade
e acordar uma memória
feliz de adolescência remota:
acampada no Bois de Boulogne,
ilegal
(à Rita roubaram-lhe do estendal as calzinhas),
almoços no restaurante universitário
italianos malucos
maluqueavam-nos,
baguettes e croissants...
um café numa esplanada e nunca mais,
também o que não se conta:
no fim sobraram os francos
de estar tudo tão caríssimo.

Naquele então a raia era nítida
e saltamo-la.

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