Quebro à medida que abre
o dia e a cada inspiração
a fenda faz-se mais funda
atrás de mim ―ou será à frente?
Há um roteiro que é preciso seguir
hora após hora, passo a passo,
ditado pelo instinto mais primitivo:
sobrevivência até a morte.
Sou eu a minha cela e tenho
no lugar de pele grades,
vidraças coma aço
inoxidável no olhar e nas unhas,
na boca sou tudo silêncios mentidos
entre dentes que resguardam
de ternuras alheias a frieza
com que me não despeço,
de que me não dispo.