Num documentário, conta o astrónomo, em cujo nome não reparei (desculpe-me por isso, mas foi só a frase que me prendeu nos ouvidos), que cada átomo que nos forma foi parte antes dalguma estrela. E eu...Descontemplo as mãos,
ignoro-me também nos dedos com que já não te escrevo;
e das carícias inexistentes repelo-me, enxoto-me;
enxoto-me também dos cheiros de vocação evocadora que não mais
—não mais, não mais, não mais— te conjuram;
desouço a voz rouca e gasta que já nem o teu nome pronuncia;
renego-me nos pés que te não caminham, vereda,
ai vereda,
veredinha verde de descobertas por mim trilhada que foste.
Ou no de dentro mais interno esculco:
o coração exaurido;
os pulmões que amarfalhou tanto alento teu ausente neles;
o fígado enorme a rebentar o abdome, intoxicado de mágoas como vermes;
os tristes intestinos inomináveis.
E a luz? Onde a luz?! —grito.
A luz da estrela que fui atomizada, diz-me,
ficou presa na noite em que não mais me amaste?