Tudo depois da poesia é uma merda.
Ademar Santos

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Desvariações sobre o mesmo tema: Tu

Desescrevi-te as cartas e as histórias:
fui uma por uma apagando as letras,
os meu pouco tanto é muito do princípio
os tua tudo tanto é nada do final,
os nunca alguns de beijos
e os abraços sempre nenhuns.

Desenchi as ausências do vazio
em abundância que me resta;
de espaços brancos, as solidões e as noites;
de razão, os inermes sentimentos.

Nas promessas e nas juras desfalei-te,
desteci-te de sorrisos as olhadas,
missangas de lágrimas eu a toda página
tilintando na amanhecida cama
até a tinta secar e virar coalho o sangue.

Como asas de beija-flor
desdesenhei as mãos tuas esvoaçando
moribundas já,
me fugindo.

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