Tudo depois da poesia é uma merda.
Ademar Santos

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Nocturno

Desdurmo nas trevas o novelo finito dos segundos,
habitada de in-sonhos,
desapossada de porvires.
O corpo é um desprazer de agulhas
álgidas que semeam brasas em músculos e ossos,
lancinantes,
cáusticas,
de que vingará a desolação.

Vem do caminho o lampião a me perfurar as pálpebras fechadas,
tremeluzindo em disfarçada ilusão de estrela
entre a folhagem decrescente do bordo japonês
a que o vento, irado com o mundo,
dá asas caprichosas.

E não durmo e não durmo
sobre o leito de dentes que me cravaste,
antes de a virares do avesso, na pele:
maninho e descarnado sequeiro!

P.S.:
Disto, afirmam eles, não se morre;
mas na dúvida, discrepo:
Desviver o tempo minguante
não é tricotar passos de moribundo?

2 comentários:

Ka disse...

Bonitas palavras!

Muito obrigadao pelos parabéns no blog da teté :)

Beijinho e um excelente domingo

Maria disse...

Obrigada eu pela visita, Ka.

(A Teté é o almanaque da blogosfera, `_^)