Tudo depois da poesia é uma merda.
Ademar Santos

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Esfuminho

Seis meses é meio ano:
é muito, parece nada.
Tantos dias (e as suas horas,
mais os minutos delas:
não cabem no tacto todos
os segundos desta ausência).

Seis meses é meio ano:
é pouco, parece tudo.
Tantas palavras (e os seus ecos,
mais os espaços sem letras:
não entram na voz todos
os sons deste silêncio).


O meu sotaque dissipa-se
enquanto te abraça ar,
quando te beija vazio.
A ternura impronunciada.