Tudo depois da poesia é uma merda.
Ademar Santos

domingo, 31 de outubro de 2010

Matrecos

Vêm lá do fundo próximo a alastrar
a tua voz em dias de defuntos, matrecos
na memória, tenteia
contra si próprio a força
da infância: (quase) sempre vence.

Acrescento mais uma peça
ao incógnito, presente
no passado a compensar
ausências de futuro: perco-me
nele para completar-te-me.

Desenhas num sorriso
um tempo bom, a três,
um bom tempo, o golo
que nasce do ataque desconcertado.
A única vitória possível (ei-la!)

É em mim a espreitar
que os pulsos doem.
Faz-se a loucura de pairar
tanto sobre campo alheio.
Esta loucura amarga que me habita.