Tudo depois da poesia é uma merda.
Ademar Santos

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Todas as palavras dentro

A tarde faz-se espessa sem nada para dizer
e eu sei que tenho todas as palavras dentro
(dentro tenho as palavras todas, eu sei)
mas está fora o papel vazio e há ainda uma ânsia
que me esmaga sem piedade o desejo de ser
o que não consigo ―ser― e escrever é este suplício
de nada dizer mesmo tendo como num cofre
fechado o peito a guardar as palavras vivas.