Tudo depois da poesia é uma merda.
Ademar Santos

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

E ainda a música

Há morte a mais nesta decepção,
vida a menos em cada branco
opaco e no silêncio que envolve
o hálito destemperado da tarde.

Há uma lixa na língua que arde,
na secura da boca que emudece
as promessas mentidas sobre os lábios
dum beijo burdo e desumano.

Há o sangue ruim com que engalano
de podridão e lama e versos,
bílis e vómitos da pétrea fidelidade
a negação absoluta dum abraço.

Há na rádio a voz que come o espaço,
uma diminuição gradual da luz
no quarto e na mente que se invade
de sons tangíveis como só os sons são.