Tudo depois da poesia é uma merda.
Ademar Santos

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Decrepitude

Qual a natureza dos meus sonhos, dizes?
É uma natureza morta:
eu servida num travessa,
de cerejas ornado o corpo,
na pretensa sugestão da carne
brunida, dura e doce.
Ao fundo na parede um relógio,
o pêndulo imóbil.

É só nas pinturas e nos sonhos
que o tempo sustém a fome.
Por fora da moldura
medra o bolor dos dias.