Tudo depois da poesia é uma merda.
Ademar Santos

domingo, 4 de julho de 2010

Caridade é não

Impessoas como predadores
de léria fácil (e burra),
que redigem
imundices grosseiras
assoberbadas
num centro só delas
há com fartura e fedem-lhes
no suor da alma
as toxinas
e ainda se apregoam
em factótums do benefício alheio!

Digo-te:

Nada tem de altruísta a escrita.
Ninguém vomita para alimentar os outros,
―fora alguma ave de bucho inchado
(faz-se tudo pelas crias)
às ordens dos genes regurgitantes―;
cospe-se para ver os outros
colados ao visco da frase,
presos no fascínio do pêndulo
que percorre na abscissa da página
os afectos ou os ódios,
tal qual deus, tal qual diabo
no tempo dum verso.

Dir-te-ei:

Caridade é não,
antes sede da sede
doutrem por este sangue.