Tudo depois da poesia é uma merda.
Ademar Santos

quarta-feira, 10 de março de 2010

Espaço reservado

Admira-me que tenha de haver espaços reservados para pessoas frágeis,
que as gentes não se saúdem quando se encontram na porta do elevador,
[a subir e descer pelas escadas

ou visto de aqui, aldeia aldeíssima,
esses urbanitas que para cá vêem por causa do menor preço da vivenda,
[sem nada quererem saber de ervas, dos bichos que esmagam,

só alcatrão e muros altos, ignoram o bom dia-boa tarde no caminho,
como dizendo
—E esta velha agora a falar sozinha?
—Será que pensa que me conhece?

Sozinhos todos a falarmos por telemóveis e internetes
com desconhecidos, que desconectamos à vontade,
que matamos quando nos cansamos deles,
como tamagótchis.

Alguém me disse há pouco:

Depois da poesia é tudo uma merda.

Vamos é pintar versos na rua!

2 comentários:

r disse...

E antes da poesia só inexiste o nada.

Sun Iou Miou disse...

Pois, Rosa.
Obrigada pela visita. :)