Tudo depois da poesia é uma merda.
Ademar Santos

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A morar na névoa

Foi a névoa que me trouxe ontem
de regresso a casa, o caminho todo
lento e lento, pesado, a envolver
a noite em purpurina sob as luzes
brancas e vermelhas,
vermelhas e brancas,
dos faróis dos automóveis moventes.
O trânsito era raro e brando:
ninguém queria ser guia
que atravessasse a cortina opaca
até o asfalto ignoto, o amanhã.

Já é amanhã e a polpa da névoa
persiste a dosar
o impacto da visão no horizonte.