Tudo depois da poesia é uma merda.
Ademar Santos

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Aniversário duma ressurreição

Há um ano um dia como hoje, destas horas,
era manhã de domingo, anunciava-se sol
e as beatas percorriam,
as mãos a baterem no peito,
o caminho dos sinos e pediam
por mim nas suas orações,
pela minha culpa,
pela minha grandíssima culpa.

Há um ano um dia como hoje, destas horas,
ainda não era domingo de tarde nem estava sol,
não traçaras ainda sobre a toalha da mãe
o roteiro da cidade submersa
comigo dentro, nem as mãos despiam
os corações no peito e o desejo.

Há hoje um ano foi domingo dia inteiro
e enquanto o sol se punha no mar, terra dentro
bastou uma palavra tua para sanar-me,
uma carícia tua fez a minha ressurreição.