Tudo depois da poesia é uma merda.
Ademar Santos

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Passos

Transito de pés descalços sobre as pedras frias
que vão construir memórias,
cavalgo as ruínas das ilusões
eludindo o cepticismo irónico
que me acena de sobrancelha arqueada
e sorriso a meio pau
acomodado.

E vou...
Vou indo ainda de asas despregadas
e mãos tíbias
ao encontro do que sei nada,
ávida,
ébria,
incandescente,
cega visionária!

Sei que é mentira o sonho, eu sei,
mas quando pouso um segundo límpido a língua
no vidro do desencanto,
estala em cócegas mínimas
o bafo
e os punhos abrem-se-me estrelados
e caminho mais um pedaço
sobre as pedras frias até vira-las
lembrança transitada.

E assim vou, vou...
Vou indo ainda.

Sem comentários: